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Memórias dos Pupilos

Aqui vou registar as lembranças, boas e más, dos meus tempos de aluno dos Pupilos do Exército para as partilhar com os leitores. São, também, para os actuais alunos se quiserem conhecer velhas experiências...

Memórias dos Pupilos

Aqui vou registar as lembranças, boas e más, dos meus tempos de aluno dos Pupilos do Exército para as partilhar com os leitores. São, também, para os actuais alunos se quiserem conhecer velhas experiências...

Considerações à volta do encerramento do Instituto

 
 
Nos últimos meses tenho mantido conversas sobre a existência do Instituto dos Pupilos do Exército com individualidades militares e civis que ou já ocuparam cargos decisivos no Exército ou ainda os ocupam.
 
Todos são unânimes em três aspectos: a estratégia prosseguida pelos antigos alunos quanto às alterações a ocorrer no Instituto esteve e está errada; os cursos superiores são incomportáveis no Instituto; e, por fim, é impensável manter três estabelecimentos de ensino a debitarem exactamente o mesmo tipo de formação.
 
Contra estes argumentos nada se pode opor quando, em consciência, se é honesto.
A franca teimosia em manter em funcionamento os cursos superiores a partir do início da década de 90 do século passado foi uma asneira de palmatória. Nessa altura, dever-se-ia ter aberto mão dos bacharelatos quando ainda se tinha massa crítica de alunos para lhes dar uma formação técnica secundária e capacidade negocial para encontrar novos rumos para o(s) curso(s) secundário(s) a leccionar.
Mais uma vez repito, a vocação dos Pupilos do Exército esteve e está ligada à formação de quadros intermédios que sirvam aos interesses e necessidades do Estado, sem prejuízo de dotar os alunos com possibilidades de prosseguirem cursos superiores em estabelecimentos apropriados, militares ou civis. Contudo, repiso, o importante é que os alunos concluam o 12.º ano e saibam fazer algo de prático que tenha aplicação no aparelho do Estado. Não satisfazendo esta condição o Instituto está condenado a curto espaço de tempo. E ninguém acredite na solução da cedência de seja o que for para ali se fazer uma fundação ou algo semelhante.
 
Há dias, de conversa com um antigo e excelente professor do Instituto, ele dizia-me que ter-se-ia de revocacionar o Instituto de modo a diversificá-lo do Colégio Militar. E não se trata de diminuir a importância dos Pupilos; trata-se de ver com realismo que o Exército, quando tiver de escolher um estabelecimento dele dependente para fechar portas, optará, naturalmente pelo nosso Instituto por ser o mais moderno e o que tem o lobby de antigos alunos mais fraco. E isto é inteiramente verdade!
 
Num outro encontro com um velho oficial do Exército, antigo aluno do Colégio Militar, contava-me ele que, na Associação dos Antigos Alunos, já se discutira a situação dos Pupilos e que havia consciência que o encerramento da nossa Escola punha imediatamente o Colégio na mira do Estado-Maior e, mais anos menos ano, calharia em sorte ao velho estabelecimento da Luz ver as suas portas fechadas. Assim, alguns dos mais cautelosos antigos alunos, preconizavam uma concertação de estratégias, entre os lobbies do Colégio e dos Pupilos, para se garantir que nenhum aceitava ver as suas portas encerradas. Mas que, para isso, era preciso discutir o papel de cada uma das instituições dentro da sociedade portuguesa do futuro. E que não se pode ir para um tal diálogo com «pedras no sapato» nem desconfianças; cada um — Pupilos e Colégio — tem o seu lugar e não pode ser tentando roubar protagonismo ao outro que se ganha esta batalha.
 
Enfim, do que tenho auscultado como ex-aluno do Instituto e não membro da Associação dos Pupilos do Exército (onde, por vontade e decisão própria, não mais terei assento) conclui que nem tudo está perdido, ainda, para o Instituto… Mas para que as portas da negociação se mantenham abertas não se podem fazer propostas irrealistas nem descontextualizadas; não pode haver «braços-de-ferro» e, de preferência, as propostas deverão articular soluções com os antigos alunos do Colégio Militar, de modo a interessá-los na nossa sobrevivência (recordem-se, os mais dados a estas coisas, que a resistência branca na Africa do Sul, na Namíbia e na Rodésia só caiu quando Portugal deu a independência a Angola e a Moçambique… éramos o «tampão» que os segurava! O mesmo pode ser o nosso Instituto para o Colégio Militar e para Odivelas).
 
Não cobro nada pelas ideias que aqui deixo lançadas. Anima-me a possibilidade de saber que, afinal, o Instituto dos Pupilos do Exército poderá sobreviver no meio de ventos e tempestades. Assusta-me a incomensurável vaidade e intransigência de muitos antigos alunos que não sabem como é importante, muitas vezes, recuar dois passos para se poder, mais tarde, avançar cinco ou seis. Será, por causa desses que o Instituto se perderá. É a história dos ultras, dos extremistas, dos monolíticos, dos «calhaus com olhos», se preferirem uma expressão mais popular e mais facilmente compreensível.

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