Sem medo dos bons exemplos
Hoje vou ser muito sintético.
Há vários meses que acompanho de perto o blogue de um ex-aluno do Colégio Militar, o jovem Ricardo Neto Galvão, ao qual resolveu dar um nome sugestivo: «Sonho, Coragem & Devoção».
Aconselho os meus leitores, especialmente os alunos e antigos alunos dos Pupilos do Exército, a irem até lá e darem uma espreitadela.
Há, no dia 3 de Junho deste ano que corre, uma postagem muito curiosa. É um vídeo de uma peça de teatro — minúscula, mas esclarecedora — representada por alunos dos primeiros anos. Demora um pouco a “carregar”, mas, depois vale a pena ser vista e lida (é legendada, por causa da fraca qualidade do som). Ali, sem complexos, assumem-se, a par das qualidades do bicentenário Colégio, as dificuldades presentes — nomeadamente a falta de ingresso de novos alunos; ali, com coragem, declara-se que está nas mãos dos alunos resolver esta situação. Implicitamente, fica no ar a mensagem de que, sem choros nem ranger de dentes, quanto melhores forem os alunos do Colégio Militar, mais possibilidades há de ultrapassar os problemas actuais.
É isto que falta no nosso Instituto! É isto que falta à Associação dos Pupilos do Exército reconhecer!
Nada se pode fazer pela nossa Casa, se os alunos que a frequentam não forem exemplares. Exemplares, acima de tudo, nos estudos — todos nós sabemos que temos potencialidades desportivas! É importantíssimo que o nível de exigência vá subindo de ano para ano, que os incentivos ao estudo se tornem realidades, que o acompanhamento dos alunos mais fracos se transforme não numa porta aberta para a facilidade, mas num caminho para a verdadeira aprendizagem.
Não acredito em soluções que descaracterizem os Pupilos do Exército. Não acredito em soluções que passem pela manutenção dos cursos superiores. Não acredito em sistemas de semi-internato (o que é semi-interno também é semi-externo, acabando por não ser absolutamente nada!). Acredito que o ensino secundário tem de criar duas vias simultâneas: a que possibilita a continuação dos estudos em estabelecimentos de ensino superior e a que habilita com uma profissão com utilidade no aparelho do Estado (com admissão imediata para todos os alunos que queiram empregar-se após a conclusão do 12.º ano de escolaridade). Acredito que só mantendo o regime de formação militar, sem perdas de características (e, se possível, recuperando algumas que estão esquecidas desde há quase trinta anos) é que se torna conveniente e interessante o curso dos Pupilos do Exército.
Malabarismos para, a qualquer preço, manter os portões do nosso Instituto abertos, isso nunca! Isso é renegar um passado e uma tradição, que já a temos. Os Pupilos têm de se assumir naquilo que foram e têm vindo a ser: uma escola profissionalizante com educação militarizada. Foi isso que distinguiu, no passado, os Pupilos do Exército do Colégio Militar. Foi isso que nos valorizou como Escola diferenciada; é isso que nos pode garantir a sobrevivência no futuro próximo.
Malabarismos para manter um “cadáver” com aparência de ser vivo, é mórbido e próprio de espíritos pouco elevados. Se tiver que acabar, que acabe o Instituto dos Pupilos do Exército como acabam as árvores, de pé e com dignidade.